Nova Almagesto

“Um céu estrelado, por si só, é algo que proporciona inegável satisfação e sensação de beleza. Os fascínios pelos fenômenos celestes levaram os seres humanos a especular e desenvolver idéias astronômicas desde a mais distante Antigüidade. Há registros históricos dessas atividades há cerca de 7000 anos na China, na Babilônia e no Egito, para aperfeiçoar medidas de tempo e por outras razões práticas e religiosas. A importância que tiveram as idéias bem mais recentes de Galileu e Copérnico está na percepção da Terra como um astro do Universo, não o centro fixo em torno do qual este giraria. A compreensão do sistema Sol-Terra-Lua em movimento é um dos fundamentos da história das idéias e do desenvolvimento científico. No século XX, o espaço cósmico mostra-se palco concreto da aventura humana, quando se explora todo o Sistema Solar por meio de sondas e naves espaciais e o ser humano pisa na Lua. O Universo, sua forma, seu tamanho, seus componentes, sua origem e sua evolução são temas que atraem os alunos de todos os níveis de ensino. Para responder à questão: Como é e como funciona o Universo? Ao longo da História construíram-se modelos para explicar a Terra e o Universo, sendo de grande importância a transição para o modelo heliocêntrico, desenvolvido por Copérnico, pois se levou séculos para desenvolver uma alternativa ao ponto de vista geocêntrico, de Ptolomeu. A ruptura só foi possível por mudanças de perspectiva no olhar”. Ao ler este texto, extraído de um livro de colégio, volto a pensar na maneira com que enxergamos o ego. Da mesma forma que visões primitivas sobre o planeta eram práticas no passado, ainda há milhares de seres hoje que entendem o EU como sendo o centro do mundo. Eu vejo, eu sinto, eu sofro, eu quero; eu, eu, meu. O EU que se posta em primeira pessoa para avaliar e julgar tudo o que o rodeia é tão geocentricamente limitado no início do século XXI, quanto a visão de Ptolomeu era em 1500. Curiosamente, Almagesto – segundo pesquisa, palavra árabe que significa “O Maior” –, é o nome dado ao tratado matemático que definia a Terra como centro universal. Ela possui uma ambiguidade de sentido se a desdobrarmos ao português. Pois não há “Maior Gesto da Alma” que observar a veracidade do EU apenas como referência momentânea e transitória. Mudar a percepção é realizar a mesma ruptura vivida por Copérnico, mas no âmbito mental, que é o grande movimento do nosso tempo.

©Texto: Ciências Naturais – Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998, p. 138. Imagem: Representação tridimensional do modelo geocêntrico, 1660. Que todos os seres possam se beneficiar.