Dúvidas são Dádivas

Não tenho dúvidas que plantamos muito carma juntos

Não tenho dúvidas que unimos as mãos no ventre da vida

Não tenho dúvidas que semeamos amor ao nosso redor

Tenho dúvidas, porque o que sinto não é apenas o que vejo

E nossas dúvidas são mais do que podemos agarrar…

Mas são dúvidas, meu amor

Dávidas no meio de um belo sonho

Onde acho que não vou acordar

Mas o que pode nos ocorrer, se da dúvida vamos duvidar?

O que vamos juntos fazer, se a dúvida pudermos provar?

Se nossas dúvidas são mais do que podemos agarrar…

Mas são dúvidas, meu amor

Dádivas no meio de um belo sonho

Onde acho que não vou acordar

Dúvidas que nos bastam duvidar…

Dádivas que nos bastam provar…

©Escrevendo, ouvi algo no estilo REM. Gostaria muito que este texto virasse música, caso alguém se habilite, entre em contato. Que todos os seres possam se beneficiar!

Pinga Tinta

Uma métrica no oceano

É capaz de nunca ser percebida.

Mas tudo o que volta,

É porque já teve ida.

Como a vida,

Selada em versos de partida

E com rastros que deixam a ti

Simplesmente comovida.

Quem me dera fosse reconhecida.

Quem me fora houvesse repartida.

Pingando aqui e ali,

Sem destino nem saída.

Apenas enamorada

Da poesia dividida.

Não tem promessa,

Não tem dívida.

Só palavras,

Não se finda.

E em cada gesto de amor,

Uma pequena de despedida.

©Possam todos os seres se beneficiar.

Siga sua Essência

Quando li no final do e-mail essa frase não contive o ímpeto de escrever. Veio de um grande amigo que, se nunca ouviu da minha boca, captou dos meus sentidos. Do que é feito nossa essência? Ah, se pudesse responder com o frescor da manhã; com o cheio de tinta na tela; com a poesia estupefata que abarca corações. Nem elas, são capazes de traduzir com perfeição a beleza singela de encontrar a sua essência. Certa vez o Sr. João, porteiro do prédio em que morava, teve seu carro “atropelado” por policiais. Devido ao caso, foi a julgamento e me contava que o estado iria pagar pelo conserto do seu carro… “afinal, o governo paga porque foi fragrância”. Ri a beça, mas nem o flagrante da piada pode nos trazer o perfume da nossa essência. Então, quando leio a afirmação acima sinto no ar um aroma de dúvida que deve pairar sobre a mente de milhares de pessoas ao redor do mundo. Resolvi esta questão, ou melhor, resolvo diariamente essa equação quando me decido descobrir… “o que é essencial?”. Para este ser que vos escreve, essencial é acordar de manhã com alegria de ainda estar aqui. Essencial é sentir a minha mente pulsar com energia necessária para ajudar quem precisa. Está na minha essência também fazer um esforço para despertar e logo gritar em frequência mântrica para quem tiver uníssono com este princípio. Está na minha essência desvendar códigos, símbolos e tesouros que trazem jóias espirituais para a vida. Verdades supremas que se escondem em palavras gratuitas, palestras sublimes que se disfarçam sob a égide dos negócios. Tudo está em minha essência e ela aflora sem que possa conter a sua força. E neste instante conclamo; siga sua essência como um caçador segue a sua besta. Desvende o fundo da alma sem pestanejar um segundo. Tenha fome deste conhecimento sem deixar que ela seja viceral. Tenha calma, paciência e equilíbrio, mesmo que você veja algo que se pareça com o mal. Exorcize apenas a dúvida de que você é bom e sua natureza bondosa irá brotar como jamais pôde imaginar. Você é, por isso, siga sua essência.

©Este artigo é dedicado ao meu amigo Ricardo Quero Luque, que possui uma essência tão boa e cheia de bondade quanto a sua. Que todos os seres possam se beneficiar.

Nó ou dó?

O nó que segura o barco é o mesmo que reflete na margem da vida. Sua reflexão é espelho do que foi devidamente entrelaçado previamente. Ao olharmos para ele como um entrave, deixamos de notar justamente sua principal matéria prima, frágil e dissoluta. Quem já tentou desatar um nó complexo sabe o que falo. Você procura qual o início de todo o emaranhado e acaba apenas encontrando duas pontas, que não necessariamente levam ao centro do enlace. Mas se tiver alento para desmanchar cada pequena amarra com tranquilidade, logo o conjunto se mostra menos invencível. Não digo que é fácil, ao contrário. Quem encontra sua nau com qualquer obstáculo que impeça o seu progresso, imediatamente sente a angústia de ver-se inoperante, inerte e debilitado. A saúde é um deles. A separação entre os seres é outro. E a exploração financeira, tão praticada pela humanidade, é mais um exemplo de embaraços que serão refletidos nas plácidas águas dos homens, mais dia, menos dia. E do nó devemos ter dó. Sim, porque a responsabilidade de todos os entraves que aparecem somos nós e nossas pobres mentes que se aferram diariamente ao objetivo de obter felicidade momentânea, sem perceber que aquela que nos prende hoje à tristeza foi exatamente esticada, fixada e herdada pelos mesmos atos viciosos no passado. Tenho dó, não de nos ver sofrer mais uma vez agora; mas pelo que vejo que iremos encontrar no futuro, de ponto cruz em ponto cruz. E para minha alma, talvez, esse seja o verdadeiro nó górdio. É dele que me vejo obrigado a destrinchar cada instante, quando um ser se mostra em apuros à minha frente, um amigo divide um problema delicado, ou até quando descubro meus próprios elos perdidos, nossos bastardos inglórios, na gíria de Tarantino. Entre o nó ou a dó, escolho a libertação de não ser apenas só. Se você me lê com atenção e consciência, é bem provável que também note como está laçado neste mundo em que vivemos. E como ele parece ter um destino tão mais enroscado se não tomarmos providências claras. Comece já a desatar os nós: evite o sentimentalismo da pena, não busque culpados fora de você, elimine a mágoa, ajude quem está ao seu redor, não julgue e ofereça, ofereça e ofereça; alimento, palavra e compaixão, respectivamente, e além do sentido óbvio do seu significado. Por fim, não espere nada em troca, apesar do que virá.

©Este texto não é protesto, nem objetiva que você se torne um salvador de almas. Se algo lhe tocou, apenas comece olhando quem está com você neste exato minuto. Depois, avance com o mesmo propósito, no tempo que lhe resta nesta vida. Que todos os seres possam se beneficiar.

Quando Acordar

Pai_filho

Sonho em um dia acordar do sonho. Durmo, acordo e continuo sonhando. Os sonhos dos outros, os pesadelos também. Profundos, puros ou imundos, não importa; vejo sonhos. Meu filho, então, pergunta: “pai, o que vamos fazer amanhã, depois de acordar?” Mergulho de novo no sonho. Escovar os dentes? Tomar um café? Brincar com os cães? Lindos sonhos. Miro em seus olhos, sem saber como será o dia em que vamos acordar. E algo forte, nesse lúcido sonho, me desperta. Será que bebemos do sonífero que produzimos ou ficamos hipnotizados pelo sonho alheio?  “Hum, filho, já sei o que vamos sonhar!”. Não afirmo, apenas sonho em silêncio… “Quero o seu bem, que ele tenha bons sonhos”, portanto, a resposta sai de letra… “Ah, filho, quando acordar, vamos fazer qualquer coisa juntos, você escolhe… qual é o seu sonho?” Quando acordar ainda vou sonhar.

©Sonho e desejo são diferentes. Ser pai e companheiro também. Ao servir aos desejos do outro, vê-se o sonho mais nitidamente belo, prazeiroso e incrivelmente leve. E todos os seres podem se beneficiar.

Casar Ditos

Hoje escrevo o que sinto. Não minto. Gosto de vinho tinto. Sei que o universo é finito. Abissal, absinto. Vejo as críticas como instinto. O prazer como recinto. A dor como extinto. E o amor, esse sim, infinito. Hoje, agora, me permito; gozar a vida, praticar o rito. Abandonar o medo, maldito. Enfrentar a dúvida, não finto. Servir aos seres, benditos. E uma transformação, pressinto. Estão nascendo os obeliscos, que logo vão unir todos os distintos.

©Assista “O Casamento de Rachel”, do excelente diretor Jonathan Demme, com uma brilhante atuação de Anne Hathaway. Uma mistura de graça, raça, laços e esperanças. Mas, principalmente, um ensinamento sobre carma, impermanência, compaixão e vacuidade. Se você não conhece nada sobre isso, e quer saber, acesse o site do Odsal Ling. Que todos os seres possam se beneficiar.

Namoro ao Vento

No silêncio se constrói os mais belos discursos. No olhar cerrado se vê as mais belas paisagens. No interior se formam os mais fortes laços. Na mente se cria o mundo. No coração se sopra a verdade. Ao festejar o Dia dos Namorados, lembre que o encontro com o seu destino só acontece realmente quando encontramos nossa natureza. Antes, tudo é incerto como a direção do vento. Depois, é o próprio vento que nos aponta a direção. Leve com amor, o vento é o veículo transmissor.

©Aqueles que ainda não sentem o amor precisam embarcar numa nova jornada. Bilhetes com o Sr. Robert Happé. Aqueles que acham tudo isso uma viagem, podem confrontar suas certezas com a experiência da neurocientista Jill Bolte Taylor. Dedico este texto àqueles que são incapazes de perceber a força do amor. Que os ventos soprem aos seus corações com tanta força que faça-os despertar.

Pegadas ao Vento

Tagarelo digitos com veemência. Fofoco sozinho, conto anedotas, critico medidas, julgo sem saber. Estabeleço metas, faço contas, projeto o futuro, releio o passado. Mas ao sentir o presente como dádiva, paro de teclar. A gente demora um tempo a descobrir; não precisamos deixar marcas. Anos se foram na tentativa de construir idéias, de defender ideais. Tolamente, ao vento dizíamos; porque as palavras que jorraram, na cabeça já não cabiam. Ao mesmo tempo fui; faxineiro e escritor. E limpando a mente de conceitos, deixo agora a casa vazia, para receber apenas o amor.

©Sem a obrigação de estar, nem ser; caminho só pelas palavras, como quem escreve sem destino.

A Partida

O apito do juiz anunciava a todos que o jogo estava começando. Apesar de estar valendo para a final do campeonato, não eram todos os jogadores daquele time que sentiam a pressão da torcida. Sim, aquele time era diferente. Já haviam jogado juntos por muitos anos e, por mais que a partida valesse título, eles conheciam as habilidades individuais com tamanha precisão que predominava a confiança ao invés da cobrança. Entretanto, o jogo estava duro. Do outro lado havia um time forte, cheio de gana e com muito talento nas cobranças de falta e nas bolas paradas. Depois de um primeiro tempo empatado, mais uma vez o árbitro apitava para o centro de campo e todos os jogadores foram para o vestiário. Era interessante notar a forma como cada player sentia a disputa. Uns estavam com os nervos a flôr da pele; reclamavam das decisões da defesa, criticavam o meio-de-campo e culpavam insistentemente a carência de criatividade no ataque. Outros, mais serenos e discretos, nada diziam; mas dentro de si sentiam uma dor incontrolável que, de fato, os fazia errar os passes mais básicos do futebol. Tinha também jogadores que não estavam nem pra lá, nem pra cá. Mantinham o sangue frio, só esperando o segundo tempo começar para tentar aproveitar uma chance de gol. Enfim, no meio de tudo isso, o técnico mandava as diretrizes, acreditando que todos o ouviam com atenção plena. Quem entrasse no ambiente, entretanto, não teria a noção clara de todas as energias que ali rolavam. Vozes altas e gestos rápidos e brutos davam um tom confuso a toda cena. Porém, atordoante foi o que aconteceu na sequência e que aqui estou para contar. De repente, na porta lateral entrou um garotinho de uns 7 anos de idade. Ele estava vestido dos pés à cabeça com as cores do time. Na mão tinha uma pequena bandeira, daquelas de pregar no vidro do carro. Seu cabelo saia para fora do boné com o brasão da equipe, gigantemente preso pelas travas atrás da cabeça. Nos pezinhos, um par de chuteiras coloridas davam um ar de modernidade. E os joelhos curtos diziam que aquele era, talvez, o mais novo fã daqueles marmanjos sedentos pela vitória. Sua entrada triunfal se resumiu a dizer apenas uma frase, virar as costas e sair como quem não quer nada, deixando no ambiente um clima de estranhamento misturado com felicidade. Era inexplicável. Foi inexplicável. E sempre será. Bom, o time voltou a campo. O jogo continuou duro. Houveram jogadas agressivas, palavras mais ainda, nervosismo e adrenalina comuns a qualquer batalha em um gramado verde, dessas que são provenientes dos campos de guerra medievais. Houve explosão de felicidade dos dois lados, sofrimento em ambas as partes, choro e esperança triturados no mesmo liquidificador de sentimentos que é uma final de futebol. No final, o time do pequeno torcedor acabou ganhando. Foi nos minutos finais, com uma jogada que não dá nem pra explicar em letras e símbolos. Uma espécie de gol de gênio, que recebe dos céus o empurrão certo no momento ideal. E tal feito, perfeito, fez a galera explodir; gritanto para o alto, agradecendo a Deus por poder ver, com os próprios olhos, a magia de um homem escolhido para levar ao mundo uma obra de arte. Ao som do encerramento, toda mídia invadiu o espaço, agora minúsculo, procurando o craque imortalizado com uma pergunta simpless: “A quem você dedica esse gol, que muda a sua vida pra sempre?”. Sem pensar, o gladiador respondeu, felizmente abalado… “Ao garoto, ao garotinho…”. Ah, sim… esqueci de dizer justamente isso, qual foi a frase do pequeno torcedor? Bom… ele entrou e puramente disse: “Eu amo vocês!

©Aos amigos que partiram. Aos que jogam. Aos que brilham. E aos que, só observando, acreditam no poder do amor. Que todos os seres possam se beneficiar.

Chocolate com Pimenta

Hoje andei pensando… como as máculas da mente corroem a nossa visão. Uma espécie de substância astral forte, amarga e que dá “gastrite” ao cérebro. Pior que soda cáustica nos olhos. Sob sua ação, deixamos de apreciar o gosto de um sorriso, o prazer de uma mera gentileza e a certeza de amar sem precisar de sentido. Fala a verdade, quantas vezes você mira as pessoas que estão ao seu redor, que fazem parte daquilo que chamamos vida e as delicia como fossem um tablete de chocolate tamanho família? Se está numa época apaixonada, então pergunte-se sem rodeios; quanto tempo isso vai durar? Se a pessoa amada pisar no seu calo, gritar com você num momento de angústia ou obstruir suas intenções, tudo será belo e plácido como agora? Hipocrisia é uma doença da alma que justifica a insatisfação imediata, burra, bruta e cega, com desdém pelo minuto seguinte. Mas será que ele sempre virá? Pare de justificar as vicissitudes da existência como algo palpável. Pare de negar a sua estupidez com a mediocridade de um mendigo espiritual. Retire do coração os espinhos, as fechas, as sombras; e faça uma transferência da sua boa energia para aqueles que sofrem sem saber. E continuamente cobre, critique e instigue mudanças de hábito; suas, não dos outros. Há um ditado tibetano que diz tudo isso sem a pimenta que comi no almoço. “Mude sua mente; deixe o resto como está.

©Num simpless instante vi o amor transbordar do coração-mente para todos no universo. Só foi, sem precisar voltar. Mas voltou, sem precisar ir novamente. O que aconteceu não tem explicação, porque explicações se perdem no tempo e no espaço. Há, então, apenas o que foi e nunca mais será igual. Que todos os seres possam ter se beneficiado, muito além do chocolate com pimenta.